sábado, setembro 10, 2011



Tu estavas ali ao meu lado. Eram 4:20 da manhã, uma madrugada de um qualquer sábado. E nós estávamos sentados na tua cama de frente um para o outro.
Já assim estávamos há horas, e se pudéssemos assim continuaríamos durante mais algumas. Pelo menos até ao Sol nascer. Era esse o nosso plano.
Do que falávamos? De tudo. De nada. De coisas cultas e de coisas ignorantes. De memórias e de questões hipotéticas. Contámos anedotas e histórias de encantar um ao outro, como se fosse isso que um rapaz e uma rapariga fazem numa cama à noite.
Mas eu gostava de ti. Não queria beijos, ou abraços, não te queria em mim. Apenas queria olhar para ti e memorizar cada traço do teu rosto. Cada raio nos teus olhos. Cada som das tuas cordas vocais. Era esse o meu objectivo para aquela noite: memorizar-te. Quanto a ti, já não sei. Não sei mesmo se estavas à espera que eu desse o primeiro passo, ou se estavas a tencionar dá-lo. Sinto que te cortei muitas hipóteses ao mexer-me bruscamente, ou ao começar a contar outra história. Não sei. Só sei que aquela noite estava a ser bastante agradável. Até que tu, na tua inocência de rapaz adolescente apaixonado, disseste:
-Se eu gosto de ti, e tu de mim, porque não podemos nós mostrá-lo um ao outro, da maneira que bem nos apetecer?
Fiquei espantada com o que disseste. Apetecia-me agarrar-te, beijar-te, morder-te. Nunca te deixar ir. Mas controlei-me e disse:
-Porque o mundo não nos aceita.
Ao que tu respondeste:
-O "mundo" não está aqui, agora.

Amo-te mesmo muito. Já te amava há algum tempo, e continuo a amar-te. Mas naquela noite, naquela noite particularmente, idolatrei-te. Idolatrei-te por teres a coragem de me dizer que me querias. E eu quis-te.
E assim nos amámos à nossa maneira.

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