
-Mamãe, este pássaro nasceu aqui na cidade?
Minha mãe me olhou e respondeu sabiamente:
-Não filha, nasceu longe,muito longe. Em África, talvez. Não sei ao certo...
-África? Mas isso é tão longe... E quando vai ele voltar para casa?
-Voltar? Filha, não funciona assim... Esta é a casa dele, agora.
-Uma gaiola?
-Sim.
-Então ele não vai voltar a África, que foi onde nasceu?
-Não.
Olhei-a nos olhos, e desviei lentamente o meu olhar para aquele milagre cor-de-fogo.
Comecei a chorar.
-Filha, que se passa? Porque estás a chorar?
-Porque este passarinho nasceu no paraíso e vai morrer numa gaiola."
-Uma gaiola?
-Sim.
-Então ele não vai voltar a África, que foi onde nasceu?
-Não.
Olhei-a nos olhos, e desviei lentamente o meu olhar para aquele milagre cor-de-fogo.
Comecei a chorar.
-Filha, que se passa? Porque estás a chorar?
-Porque este passarinho nasceu no paraíso e vai morrer numa gaiola."
Eu me sinto como aquele passarinho neste momento. Perdi a minha "África" o meu paraíso pessoal, a minha liberdade. Agora resta-me acordar todas as manhãs ouvindo esta cidade a funcionar, qual máquina brutal para os mais fracos, e adormecer ao som do mesmo. Cheirar o fumo que nos envolve, sentir as batidas dos carros e das discussões. Ver o pôr-do-sol cor-de-vómito e tapado pelos prédios.
Perdi minha "África"; o mais triste é não ser a única...
Perdi minha "África"; o mais triste é não ser a única...
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