quinta-feira, maio 03, 2012



"Peço que me perdoes, amor meu, pela minha ausência. Peço que me perdoes por não te ter escrito nos tempos passados, mas o Inverno chegou... e tu sabes como eu fico no Inverno: melancólica, triste, deprimida.
Faz muito frio aqui na terra. Ainda não nevou nem choveu, mas o frio tem sido insuportável... pelo menos para mim. Todos os meus amigos dizem que é apenas impressão minha, mas como pode ser? O frio é mesmo real. é tão intenso que me gela os ossos e queima a pele. Mas se calhar, se cá estivesses, não seria tão frio...
Peço também que ignores o facto de não ter nada de interessante para dizer. A verdade é que, desde que te foste, não aconteceu nada de especial por estes lados. Os dias têm sido todos idênticos; as rotinas são cada vez mais sufocantes. Toda a aldeia o diz, mas eu nego essa possibilidade em público: tu fazes cá muita falta. Mas sabes que, quando te encontras sozinho, não há como escapar aos teus pensamentos... e os teus fantasmas perseguem-te e fazem-te chorar a alma. Aí, então, admito as saudades serem reais e assombrosas.
Na verdade, não estou assim tão mal. Percebo a tua necessidade de ires para fora, mas admito que ignoro o porquê de me teres deixado aqui, sozinha... No entanto, não te peço para voltar: peço-te apenas que me escrevas um pouco mais, e mais frequentemente. Quero que me contes as tuas histórias e que me descrevas as paisagens da Cidade. Quero que sejas feliz, com ou sem mim. Não te direi que não te amo, pois mentir não me assenta, nem  prometerei esquecer-te , pois sei que nunca o conseguirei fazer. Apenas te garanto não ficar chateada, nem tão pouco rancorosa. Eu amo-te, contigo ou sem ti. E quem ama, cuida.
Por isso, meu rei, eu cuidarei de ti: se não da tua presença, será então da tua memória."

2 comentários:

  1. Que escritos doces esses seus... O inverno é sim melancolico eu que o diga... A gente sempre quer ter notícias de quem está do outro lado não é mesmo? E quando a volta desse alguém é impossível sente-se uma dor quase que insuportável...

    Eu me vi em tuas escritas.

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